sábado, 12 de julho de 2008

Conto I

A bela moça acordou as 7:20 da manhã - viagem as 11h, mas ainda arrumaria malas e coisas a mais - com uma sensação estranha, decorrente de um sonho estranho: sonhou com seu casamento. Até aí tudo bem, mas era um casamento que ainda não tinha ocorrido (a data do album era futura). Ela, divorciada, bem resolvida profissionalmente, trabalhadora, honesta, solteira mas nunca sozinha. Por que, então, casar-se de novo!? Este casamento, ainda por cima, se passava na saída do avião.
Ele subiu a escada, degrau por degrau, tão calmamente que parecia não escutar os maldosos comentários das pessoas irritadas atrás dele. Procurou sua janela, o 14 F, chegou e viu que uma moça sentada em seu lugar.
-Eu mato essa va... - era a única coisa em que conseguia pensar... mas, apesar da sua vasta lista de defeitos (desempregado, mentiroso, infiel, estressadinho, aproveitador...) era extremamente ponderado e paciente (duas das poucas qualidades que deus lhe tinha dado)- Tudo bem, então, daqui 20 anos estaremos os dois rindo litros dessa situação enquanto tomamos uma cerveja na barra... - continuou seu raciocínio...
Depois do sonho, sua terrível antipatia tomou conta e ela, no 14 F, viu o homem olhando.
-Perdeu algo ou é mal educado - tudo, hoje, pra ela era maldoso e isso era o que passava por sua cabeça a todo instante.
O vôo por sí só tinha mais destinos que muito site de empresa aérea e já era empecilho demais pros dois, que se aturariam por algum tempo.
Ele a olhava, tentando achar uma forma de chamar sua atenção. Ela o olhava, tentando pedir a deus que o homem irritante ao seu lado descesse na próxima parada (mas nunca funcionava). Ambos, frustrados, se renderam um ao outro: ela, ao bom humor dele; ele, à visão dos seios dela, facilitada por aquele decote e pela blusa quase transparente.
Na última parada, por fim, e depois de trocarem tantos beijos e carícias que pareciam um só, trocarem telefones e juras de amor (e só não trocaram alianças por que não costumam ser servidas alianças no serviço de bordo) e não quererem mais largar um do outro, foram cada um para o seu hotel.
Nunca mais obtiveram notícias um do outro.

2 comentários:

Anônimo disse...

Já lhe disse sobre seu conto e acho que deveria pensar em publicar outros =)
:*

Unknown disse...

isso SEMPRE acontece comigo