Acontecera no seu terceiro dia de trabalho. Não conhecera ninguém ainda. Estava em sua estação de trabalho. Seu computador, sua mesa, seus documentos. Horário de almoço a chegar. Começara a se sentir mal. Os colegas saindo, ele a pedir ajuda e ninguém o notava. Como se não existisse. Sua gravata apertada demais, mas ele não tivera força para soltá-la. Da mesma forma, seus colegas que o viram, ignoraram e, portanto, não soltaram a gravata. Seu corpo pesado. Sua vista escurecera. Espasmos percorreram seu corpo como ondas de mesma freqüência. Agora, seu corpo encontrara o chão, depois de bater a cabeça, que sangrava, contra a mesa. Sua tremedeira não passaria tão cedo. O colega ao lado, que se demorara a sair para o almoço, passara por cima de seu corpo, somente desviando como quem desvia de uma pedra. Antes do retorno de qualquer colega, já estaria morto. Quando chegaram, a todos a mesma reação: pular o corpo como se fosse um simples obstáculo. Quando o chefe percebesse a existência do corpo ao chão, daria sua ordem de que o retirassem dalí, chamando a ambulância. E como todos os bons empregados, estes ignorariam a ordem do patrão. Como se aquele, o morto, não existisse.
Há 10 anos
Um comentário:
Insensíveis. Todos nós.
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