terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Felicidade (?)

Forte erro humano o de pensar que a FELICIDADE precisa de motivo. É mais aceitável o motivo da tristeza, já que felicidade é tão intrínseca quanto a indiferença ou qualquer outro não sentir.
Bola pra frente.

sábado, 27 de dezembro de 2008

A rua...

Era noite. A rua, que comumente é tratada como ambiente, ganha seus ares de personagem. Alí, perto do cruzamento, três prostitutas - uma mulher e dois travestis - debatem futilmente sobre sexo enquanto aguardam clientes que não virão. Do outro lado da rua, um senhor - sem importância, como todos nós - passeia com seu cão. Mais a frente, um casal anda, saindo da casa noturna. Uma moça fuma sei cigarro sentada em uma soleira. Mais acima, na rua, um furto. Mais abaixo, o tráfiico.
O tempo passa. O dia nasce. Todos partem. E a única coisa que fica é a rua. Vazia. Sozinha.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

hoje é natal...

Eis que eu cresci assim: meio frustrado com a vida. E em todo Natal, um primo meu, o Seginho, falava pra mim: "Hoje é Natal, feliz Andrézinho, ganhou uma torta, meteu o dedinho. Que coisa feia, Andrézinho, Andrézinho: em vez de menino parece um porquinho.". E daí, toda vez que ele falava isso, eu me sentia meio... como se diz... mal! Me sentia culpado por uma coisa que não tinha acontecido. E ontem, véspera de Natal, eu aqui no Rio Grande do Sul, acordei sabendo que de noite tinha confraternização de família pro Natal e, o primeiro momento em que pensei por livre e espontânea vontade (o banho, afinal ninguém pensa quando acorda!), me veio essa frase à cabeça. E, acho que é por que eu cresci um pouquinho dos meus 4 anos pros meus 19, eu não me senti culpado. Até ri!
Enfim, sem mais inutilidades natalinas, feliz Natal aos que se prestarem a ler minha história!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

não existir

Acontecera no seu terceiro dia de trabalho. Não conhecera ninguém ainda. Estava em sua estação de trabalho. Seu computador, sua mesa, seus documentos. Horário de almoço a chegar. Começara a se sentir mal. Os colegas saindo, ele a pedir ajuda e ninguém o notava. Como se não existisse. Sua gravata apertada demais, mas ele não tivera força para soltá-la. Da mesma forma, seus colegas que o viram, ignoraram e, portanto, não soltaram a gravata. Seu corpo pesado. Sua vista escurecera. Espasmos percorreram seu corpo como ondas de mesma freqüência. Agora, seu corpo encontrara o chão, depois de bater a cabeça, que sangrava, contra a mesa. Sua tremedeira não passaria tão cedo. O colega ao lado, que se demorara a sair para o almoço, passara por cima de seu corpo, somente desviando como quem desvia de uma pedra. Antes do retorno de qualquer colega, já estaria morto. Quando chegaram, a todos a mesma reação: pular o corpo como se fosse um simples obstáculo. Quando o chefe percebesse a existência do corpo ao chão, daria sua ordem de que o retirassem dalí, chamando a ambulância. E como todos os bons empregados, estes ignorariam a ordem do patrão. Como se aquele, o morto, não existisse.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Cidades normais

Cidades normais, de certa forma, me irritam. O vento batendo, o sol esquentando, gente trabalhando, correndo, brincando, brigando, vivendo. Tudo tão normal que as vezes da preguiça de existir. Por mais diferente que seja o seu dia, ele sempre vai cair na eterna rotina que é viver.
Que saco.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

da vida alheia...

Saiu de casa colocando seus óculos escuros e puxou se Marlboro do bolso, bem como o fósforo e pensou, enquanto acendia, no desagradável gosto que o fósforo dava ao seu cigarro preferido. Colocou seus fones de ouvido e foi andando até o metrô.
O cheiro da gente estranha lhe era incômodo, por isso evitava contato com pessoas desconhecidas - apesar de que medo era o principal motivo, mas isso ele não revelava a ninguém.
Saiu do metrô e encaminhou-se a escada que dava acesso à rua. Ao subir o primeiro degrau, lhe ocorreu a idéia de olhar para o lado. Comoveu-se. Ele, o homem forte da casa, aquele que, desde pequeno evitava emoções e sentimentos. Deparou-se com a criança mais bela que havia visto. Os oito anos que aparentava o deixaram intrigado - como uma criança tão linda podia estar ali, mendigando sentada na suja escada do metrô, rota e maltrapilha? Nada fez.
Ao sair da estação, o segundo Marlboro e novamente o pensamento sobre o fósforo. Compraria um isqueiro mais tarde, se lembrasse.
Chagando ao trabalho, pela primeira vez, reparou o decote de sua secretária. Não que ela nunca usasse decote, afinal era comum vê-la em trajes sumários, mas ele não era de notar os serviçais, como ele próprio chamava.
No horário do almoço, trabalhou, sentiu-se sem fome. As vezes, gostaria de nunca trabalhar e sua barriga protuberante revelava que poderia comer a todo momento se lhe deixassem.
Fez, as 14h04, sua sexta visita ao terraço do prédio. Sentia-se sem fôlego, mas seu cigarro pós-almoço era necessário, mesmo que não lhe houvesse almoço.
Debruçou-se sobre o parapeito. A cidade, constantemente nublada, hoje tinha a agradável presença do sol. Comentou com o fumante ao lado o quão estranho estava seu dia. Sem entender, o vizinho de cigarro ignorou e afastou-se.
Ao sair do trabalho, atravessou a rua e comprou, no comércio próxima, sua tradicional garrafa de vinho branco.
O caminhão que lhe atropelou na travessia de volta mal reparou na sua existência. Quanto aos outros motoristas, somente praguejavam pela hora que o sujeito escolhera para ser a de sua morte e pelo engarrafamento que a escolha causara.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

carta a um amigo. (momento profundo)

sei que a gente briga bastante e tal... mas o tanto de momento bom que vc me proporciona é simplesmente perfeito. gosto muito de te ter do lado pq adoro rir com vc e vc sabe que hj, uma das poucas coisas que eu realmente tenho medo é de te sentir distante ou de brigar feio com você. eu te irrito muito, bem sei, mas jamais faria isso se eu realmente não gostasse de vc.acho que as vezes eu não mostro do jeito que deveria que eu gosto de vc, mas ver vc com o olhinho cheio de lágrimas agora ha pouco me deu vontade de falar. e aquele bilhete simpático que ninguém NUNCA NO BRASIL vai ler me mostra que eu posso te falar isso sem te fazer se sentir constrangida.os melhores momentos do meu ano, sem dúvida, foram com vc ou, pelo menos, com vc na cabeça. os piores tb, afinal, pra variar, a gente brigou mto. mas conhecer vc foi uma coisa que me fez crescer muito, acho que você pode notar isso.e enfim.. sem mais melação, pq a essa hora vc deve tar chorando, boboca.queria só dizer que não vivo mais sem vc.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

o dia em que.... ficaremos em casa?

Mães são seres levemente hipócritas. Novamente, meu drama se baseia no fato de estar em casa num dia em que deveria estar NA RUA! Passei os últimos 5 meses da minha vida ouvindo tudo sobre me empenhar na faculdade, sair menos, gastar menos, estudar e tudo mais, já que afinal eu estava em período de aulas. Então o semestre acaba e... 'mãe, vou sair!', 'não, não vai! você tá saindo demais e blá blá blá!'.
E eis que, mais uma vez, o esquema que eu passei 19 anos da minha vida ouvindo dela (algo como "primeiro o dever, depois o lazer") foi por água abaixo devido à hipocrisia da digníssima progenitora se mostra mais uma vez.
Viver em família é um saco e, em breve, o futuro pseudo-arquiteto (agora no terceiro semestre) terá um emprego e morará sozinho. Aguardem!